Curso:  Aula Nº 3


Unidade 1 –

a) - Pense antes de falar, pense antes de agir.
b) - Fale sempre com brandura.
c) - Nunca aja impulsivamente.

a) - Pense antes de falar, pense antes de agir:

Este conselho foi dado pelo filósofo grego Pitágoras há 2.500 anos, em sua Escola de Sabedoria em Crótona, situada próxima de Atenas, na Grécia. Faz parte dos famosos “Versos de Ouro” de Pitágoras, conhecido como o Código Moral dos Pitagóricos.

Os pitagóricos ficaram conhecidos por sua sabedoria e domínio próprio, primeiro porque nos dois primeiros anos de estudo tinham de manter silêncio completo, com o que aprendiam a se manter atentos para não falar sem pensar, e muito menos agir impensadamente. Suas reações através de palavras ou ações eram sempre ponderadas. Trata-se de um conselho a ser mantido por toda a vida, para a pessoa não se deixar levar impensadamente pelas emoções ou falar alguma coisa da qual se arrependa logo a seguir. Para tanto, há que se viver em estado de atenção, em especial quanto a si mesmo, reconhecendo-se como um ser pensante, consciente, e não apenas como uma “máquina viva” agindo sempre por reações condicionadas, palavras e ações que se tornaram hábitos de expressão inconsciente.

Falar e agir impulsivamente faz lembrar o jogo de pingue-pongue, sendo o ser humano uma verdadeira raquete rebatendo como der, para não perder a jogada, as bolas que a vida joga rápida e repetidamente sobre sua raquete mental.

Falar é também transmitir energia, não só palavras. Para não haver desperdício de energia, portanto, o falar deve ser bem pensado, podendo ser duplamente útil, como expressão externa e economia de energia. Obviamente, deve ser veraz, clara, objetiva, sábia e sincera. Jamais deveria ser usada para mencionar coisas negativas ou vilipendiar pessoas.

As ações, também, devem passar pelo crivo da atenção e da razão, não serem desatentamente instintivas, mas frutos de maturidade mental e consideração prévia sobre a utilidade do ato decorrente. Ações supérfluas ou maldosas, sem uma finalidade precisa e útil, são realmente um desperdício de tempo e de energia.

Não é difícil prever como falar e como agir, o difícil é reagir sabiamente no momento em que ocorrem os desafios externos que nos são impostos centenas de vezes durante o dia, seja no encontro com pessoas, ou mesmo lendo um jornal, assistindo televisão, ou simplesmente pensando consigo mesmo. Estamos acostumados a agir impulsivamente, sem pensar, por ter se tornado um hábito de vida (comum a praticamente todas as pessoas) formado desde a infância.

Mas, com a maturidade, é preciso mudar, e a mudança vem com a prática.

Por isso, deve-se começar aos poucos, uma hora por dia, por exemplo, durante a qual procuraremos viver cem por cento atentos aos desafios externos, nunca respondendo impensadamente. A mente age muito rapidamente, mas podemos refreá-la e ensiná-la a não reagir impulsivamente. Aos poucos, treinaremos a mente a responder sempre conscientemente, não compulsivamente, e muito menos “inconscientemente”, ou seja, por “reações instintivas”, impulsos do lado inferior de nosso ser, de onde viriam apenas reações inadequadas à qualidade de vida que desejamos expressar, de um ser consciente e de boas intenções para com o próximo e para com a vida em geral.

Uma hora na primeira semana, passando a duas horas na semana seguinte, até que cheguemos a um dia inteiro. E em pouco tempo veremos a transformação ocorrida em nosso ser. Pouco a pouco seremos totalmente diferentes, uma pessoa sábia, ponderada, realmente consciente e responsável sob todos os aspectos.

b) - Fale sempre com  brandura.

A História diz que Buda falava sempre com brandura. Dizem que sua voz era doce e tocava profundamente os corações. Ele era um Mensageiro Divino, um homem santo. Suas palavras eram de amor e de sabedoria. Palavras de perfeição.

Nós, seres humanos comuns, devemos pelo menos tentar emular a forma de falar de Buda. Lembremo-nos dele, e imaginemos como ele se expressaria em seu dia-a-dia, procurando entender bem a palavra “brandura”, que, como forma de expressão, o dicionário Houaiss define como sendo “afável”, “dócil”, “terno”, “carinhoso”.

Há momentos, com certeza, quando uma reação mais enérgica nos é exigida, e a palavra, então, pode chegar a ser severa, dura, muito firme, mas nunca áspera, cínica ou ofensiva. Porém, como padrão de vida no falar, a forma branda de se expressar é positiva em todos os sentidos. Brandura denota calma, paz interna, sabedoria, amor e carinho.

Um estado mental de brandura ajudará em muito a atitude recomendada no item (1) - Pense antes de falar, pense antes de agir – pois, numa condição de paz interna, com a mente tranquila, mais fácil será “pensar” antes de falar e “pensar” antes de agir. Não estaremos agitados ou nervosos, e nessa condição de domínio próprio e paz mental, seremos mais conscientes em todos os sentidos, estáveis, firmes, tranquilos, numa condição mental na qual seremos o “senhor” e não o “escravo” de impulsos emocionais perigosos e incontroláveis quase sempre.

A linguagem da alma será sempre branda. Expressar-se com brandura é usar a linguagem da alma, é sinal de vida consciente num plano superior da vida – o plano espiritual.

c) - Nunca aja impulsivamente.

Não se conhecendo a natureza da alma em sua essência, mas sabedores de que através dela se revelam os nomes e atributos Divinos, (como amor, sabedoria, poder, paz, espiritualidade, luz, eternidade, etc.), a forma de nos “sentirmos alma” é através da CONSCIÊNCIA – do ato de “sermos conscientes”.

Deduz-se, também, que o aperfeiçoamento da alma decorre da revelação cada vez maior das qualidades divinas potencialmente existentes em nosso ser, mais particularmente, em nosso SER SUPERIOR, em nossa alma ou “espírito”. O aperfeiçoamento espiritual não significa conquistar, somar, subir, mas, sim, manifestar, tornar manifesto, fazer do que é potencial uma realidade manifesta, é trazer para fora, trazer à existência e expressar em atos as qualidades que representam as dádivas inatas que nos foram concedidas pela Natureza.

A profunda pensadora indiana, Vimala Takar, tem uma explicação muito clara e convincente relacionada à parte “não-alma” do ser humano. Diz que, num plano inferior ao da alma ou espírito como consciência humana, existem a mente e o corpo físico, estes dois formando a personalidade, o “eu menor”, sendo a alma o “Eu Maior”, a parte permanente do ser humano.

A personalidade (que distingue cada ser humano e diferencia as pessoas umas das outras) é formada por três graus de consciência: a intelectual (conhecimento), a sentimental (sentimentos) e a emocional (emoções) – as quais interagem com o organismo físico, tanto para receber mensagens do mundo externo, quanto para expressar-se externamente, sempre através dos cinco sentidos.

Deixa claro que estas duas partes do ser humano na realidade não são o ser humano, mas instrumentos utilizados pela alma para viver neste plano de vida.  No entanto, através dos séculos e milênios, o ser humano foi se acostumando com o corpo físico, julgando-o sua natureza real, e seus pensamentos, sentimentos e emoções como componentes de seu próprio ser. Claro, não pode ver a alma fisicamente, só pode imaginá-la, não tomou conhecimento dos ensinamentos revelados pelos Mensageiros Divinos e suas explicações sobre a existência e natureza da alma e suas qualidades.  E como o seu cotidiano é todo formado de vivências físicas, emocionais, sentimentais e intelectuais –passou a acreditar que esse conjunto de “atos de consciência” fosse o seu ser real. A alma, por se encontrar no nível de consciência bem mais elevado, e por ser realmente incognoscível em sua essência, só pode ser imaginada através de suas qualidades, as mesmas que microcosmicamente vemos no homem e macrocosmicamente consideramos serem qualidades da própria Natureza.   

Este apego à personalidade e seus componentes – corpo e mente – e o fato de nela acreditar como sendo seu “ser real”, são a razão de todo o sofrimento humano, de todos os problemas de relacionamento entre as pessoas, de todas as lutas inglórias por objetivos vãos e inúteis quase sempre, pelos mal-entendidos quanto ao verdadeiro destino humano, e pelo desalento e frustração da grande maioria das pessoas.
A personalidade humana e seus componentes são apenas instrumentos, podendo ser aprimorados, aperfeiçoados, ou descuidados, esquecidos, e neste caso algo de pouca valia e utilidade.  A educação é o fator imprescindível ao aperfeiçoamento do ser humano, particularmente quanto aos cuidados a serem dados tanto à mente quanto ao corpo, e principalmente quanto à educação espiritual, que trata especificamente da alma e da expressão de suas qualidades divinas. Mas, aqui fazemos apenas menção a esse tema grandioso que exigiria praticamente todo um volume separado.

Com relação ao objetivo deste pequeno estudo, quando se diz “Nunca aja impulsivamente”, significa que temos de reconhecer o fato de que todos os estímulos externos, afetando diretamente nossos sentidos, são dirigidos à nossa personalidade e não ao nosso ser real. Portanto, há que se estar atento para que a reação não seja impensada, um impulso de momento, pois a personalidade é como uma “máquina”, um “computador” numa linguagem mais atual. Reage sempre em decorrência dos “inputs” que tenha arquivado, sejam intelectuais, sentimentais e emocionais, “inputs” esses frutos de muitos fatores, como herança genética, cultura, meio ambiente, educação recebida, hábitos, etc.

Com a maturidade, nossa “segunda natureza”, nossa personalidade aprimorada, pode até ser bem capacitada a responder sabiamente a todos os estímulos externos, mas o ideal é que as respostas ao mundo externo venham do recôndito mais elevado de nosso ser – a alma.

A prática será a grande mestra.

Portanto, sempre e cada vez mais, devemos nos manter atentos para “nunca agirmos impulsivamente”. Pensar antes de falar, pensar antes de agir. Nossas reações devem provir de um estado ideal de consciência, a de que somos alma, não o corpo ou a personalidade.


Texto colaboração: Professor Carlos Rosa: (falecido em 12 de fevereiro de 2019)

 

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