Quais são os efeitos do álcool e os impactos sobre o desenvolvimento da criança

SAF, descrita em 1973, ainda passa despercebida por muitas mães



A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo feto em decorrência à ingestão de álcool pela mãe durante a gravidez, mesmo sendo uma comorbidade antiga com descrição em 1973, ainda preocupa especialistas da área da saúde. Isso porque até hoje, muitas gestantes, ao invés de interromper o uso do álcool durante a gestação, se esquecem do perigo do consumo da bebida e acabam criando uma situação inevitável, como o déficit de crescimento, alterações em características faciais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da criança.

Conforme explica Gizele Alves Martins, Psicóloga e Mestre em Neurociências, que atua no CENSA Betim, entidade com 55 anos de atuação, e que atende pessoas com a SAF, atualmente a condição é considerada a maior causa de déficit intelectual prevenível no mundo. Prova disso, é que o Ministério da Saúde estima que cerca de 1 a cada 1 mil recém-nascidos apresente esta condição, todavia, reconhece que este número pode ser bem maior do que o apresentado.

“Uma das primeiras condutas que a maioria das gestantes toma ao saber que está grávida é interromper a ingestão de álcool, caso faça uso. Todavia, nem todas as gestantes conseguem restringir esse uso. O álcool é uma substância teratogênica, ou seja, causa anomalias e má formações no desenvolvimento uterino. O álcool ingerido pela mãe atravessa a placenta e expõe o feto as mesmas concentrações de etanol que a mulher está exposta”, explica Gizele Alves Martins.

Questionada sobre quais são os problemas o que as crianças com a SAF podem ter em consequência da injeção do álcool pelas mães, Gizele Alves Martins diz que vários. “A criança com a SAF apresenta malformações na face e no corpo, assim como atraso no desenvolvimento e disfunções no sistema nervoso, todas elas irreversíveis. É comum apresentarem a cabeça menor que a de crianças típicas (microcefalia), deficiência intelectual, dificuldades na coordenação motora, irritabilidade e hiperatividade excessivas. Existem também malformações, como, nariz curto com a ponte nasal baixa, lábio superior fino, maxilar pequeno (micrognatia), filtro nasal inexistente ou pouco expressivo, baixa implementação das orelhas e outros”, diz.

Acompanhamento

A condição da SAF é irreversível, porém o acompanhamento de uma equipe multiprofissional ajuda a minimizar as dificuldades conforme explica Gizele Alves Martins. “O acompanhamento psicológico é de fundamental importância para reduzir comportamentos disruptivos muito comuns na síndrome como hiperatividade e irritabilidade. Além disto, indica-se acompanhamento psicopedagógico para que estas crianças sejam estimuladas a desenvolver aspectos cognitivos e de aprendizado”, comenta.

Para ela, a alfabetização destas crianças, assim como o aprendizado de outras matérias pode ser comprometido. “O fato é que o aprendizado das crianças com SAF ser mais tardio ou pode não ocorrer, já que é muito comum a deficiência intelectual moderada ou grave nesta condição. A intervenção deve ser feita o mais cedo possível pois pode permitir que o indivíduo vá cada vez alcançando maior independência e qualidade de vida”, diz.

Estimulação social

Para Gizele Alves Martins, a intervenção é sempre benéfica e deve ser realizada, tanto que no CENSA Betim, os aspectos mais estimulados nas pessoas com SAF são o domínio social, cognitivo, motor e comportamental. “A estimulação social é feita através da convivência com pares e de aulas de teatro, enquanto a coordenação motora é desenvolvida por atividades de fisioterapia e educação física. A intervenção cognitiva e pedagógica é realizada através de musicoterapia e de aulas do Ensino de Jovens e Adultos oferecidos na instituição”, salienta.

Já a psicologia atua no ensino de novos repertórios comportamentais mais adequados completa a especialista. “A psicologia por sua vez, atua no ensino como por exemplo, ensinar maneiras de expressar sentimentos sem precisar ofender ou agredir os colegas, maneiras de fazer pedidos sem precisar pegar ou desrespeitar a vez do outro ou mesmo habilidades simples como aprender a esperar e a lidar com frustração. O atendimento a pessoas com a SAF deve ser individualizado, uma vez que cada indivíduo apresenta predominância de um ou outro comportamento a depender de sua história de vida. Todas as potencialidades da pessoa, assim como seus interesses devem ser considerados durante a intervenção e são grandes aliados no desenvolvimento de novas habilidades”, conclui.

Fonte: Gizele Alves Martins - Psicóloga e Mestre em Neurociências do CENSA - Centro Especializado Nossa Senhora D’Assumpção - (31) 3529-3500 – www.censabetim.com.br

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