Interação negativa com medicamentos convencionais e abandono do tratamento são os
maiores riscos de tentar um caminho alternativo contra a doença

Há décadas se fala sobre o “poder da mente” e o uso de produtos naturais para a cura de doenças.

Quando o assunto é câncer, pacientes e pessoas ao seu redor que procuram por esse tipo de “milagre” tende a se amplificar. Isso porque, como explica Regina Chamon, hematologista e responsável pelo serviço de medicina integrativa do Centro Paulista de Oncologia CPO, “em todas as doenças ameaçadoras de vida, o apelo de caminhos aparentemente mais simples é maior, e, como o diagnóstico de câncer ainda é relacionado à morte, há mais chances de os pacientes se voltarem a essas ‘soluções’.”

Se inicialmente era pela força do boca a boca que as “receitas” de chás/compostos alimentares e as repetições de frases para “condicionar a mente para a cura” se espalhavam, hoje esses artifícios contam com o alcance da internet e até com grandes empresas comandadas por pessoas públicas vendendo produtos para tratamentos alternativos e com documentários que defendem que os pensamentos podem ser mais eficazes que os remédios para eliminar o câncer.

Segundo a hematologista, não existem evidências científicas que comprovem a eficácia dos remédios naturais ou do poder da mente, mas sim sobre os perigos que eles apresentam quando adotados como complementos ou alternativas ao tratamento convencional sem o conhecimento dos médicos.
“Existe uma crença em que produtos naturais não tenham efeitos colaterais, mas têm. Alguns podem interagir de forma negativa com os medicamentos da quimioterapia, inclusive”, diz Chamon. Por exemplo: tomado em excesso, o chá verde sobrecarrega o fígado, que já é muito exigido pelos remédios das sessões de quimio; a erva de São João aumenta o risco de sangramentos; há até compostos anti-inflamatórios e indutores de sono que inibem a metabolização dos medicamentos.

Complementar, sim e com o conhecimento dos médicos; alternativo, não

Isso não quer dizer que produtos naturais e técnicas de fortalecimento mental estejam vetados durante o tratamento contra o câncer. Se usados com orientação da equipe médica que acompanha o paciente, são até muito bem-vindos. “O problema é adotá-los sem saber desses efeitos colaterais ou, em um cenário muito pior, abandonar o tratamento convencional por causa deles. Um estilo de vida com mais compostos naturais e atenção para dentro de si pode ser complementar a terapia tradicional, mas nunca ser visto como uma alternativa a ele”, defende a médica.

O caminho para que isso ocorra de forma tranquila é o do diálogo; levar à equipe médica o que está disposto a tomar ou adotar no dia a dia e ouvir o feedback dos profissionais.

“É importante entender por que o paciente quer aquilo e oferecer algo seguro para seu objetivo”, afirma a especialista em medicina integrativa. Ela exemplifica: “Uma das maiores preocupações de quem trata um câncer é a imunidade, o que leva à busca por suplementos alimentares que podem causar aquela interação negativa com os medicamentos da quimioterapia. Então recomendamos uma alimentação voltada ao fortalecimento da imunidade, ou seja, uma dieta segura e sem a necessidade desses comprimidos”.

O mesmo vale para as técnicas de cura pela mente. Elas não são condenadas pelos médicos que integram as equipes multidisciplinares de tratamento contra o câncer, mas há uma preocupação em esclarecer que elas devem ser feitas paralelamente às sessões de quimioterapia, não em substituição a elas. Chamon inclusive argumenta que o corpo humano responde positivamente à meditação e a práticas como a yoga, o que pode beneficiar no combate ao câncer.

“A resposta de estresse, que é um mecanismo de defesa do organismo para lidar com perigos iminentes e pode estar muito presente durante o tratamento contra o câncer, desencadeia processos inflamatórios e tem como sintomas a ansiedade, a insônia, dores musculares, prejuízos de memória e de autoestima”, lista. Tudo isso prejudica a resposta aos medicamentos.

Mas praticando meditação, por exemplo, é possível diminuir a resposta de estresse e aumentar a resposta de relaxamento, o que é benéfico por diminuir as inflamações, os sintomas negativos e também o risco de recidiva, de volta do câncer, segundo a profissional.

Regina Chamon finaliza: “A gente vê os benefícios da mudança orientada de comportamento e de alimentação na melhora dos sintomas e também na autonomia e na autoestima do paciente. Quanto atuamos em conjunto, com diálogo, todos saem ganhando”.

Fonte: Centro Paulista de Oncologia CPO),unidade Oncoclínicas em São Paulo - www.grupooncoclinicas.com


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