Se você me perguntar sobre o que vem pela frente, sobre qual será o nosso futuro, eu vou te responder com facilidade: será um tempo no qual tudo será mais veloz.

E o que isto significa?

Que estaremos mais apressados? Que teremos que aprender mais rápido a lidar com o desconhecido? Que as comunicações serão tão velozes que não teremos tempo para ver tudo? Que poderemos ter que tomar cada vez mais decisões sem ter a visão de todos os detalhes?

Sim, é tudo isto que vai acontecer!

Já é certo que viveremos num mundo veloz.

E sim, já ficamos ansiosos só de pensar, tentando antecipar tudo que virá, desejando estar à frente de outras pessoas e empresas para demonstrar que somos competentes. Síndromes de burnout à vista para um maior número de pessoas, aumento de pessoas com depressão e angústia. Tempos difíceis para os aspectos emocionais dos indivíduos...

Será que você está nesta condição agora? Pode ser que sim. Está sem paciência e mais crítico com o que está ao seu redor, quer que as perguntas sejam respondidas com rapidez e, além disso, não para de ter um turbilhão de pensamentos sobre tudo o que ainda está sem resposta. Dor nas costas, dor de cabeça, noites sem dormir direito e talvez com os nervos à flor da pele por semanas a fio.

A notícia é interessante, o mundo não vai desacelerar, e viveremos neste futuro cada vez mais veloz.

Se quer lidar com este futuro de uma maneira melhor, posso lhe convidar para algumas reflexões. Talvez lhe dê um pouco mais de conforto com os desafios da velocidade para “Minds & Hearts”.

Então vamos lá, desacelere!

Até que ponto precisamos nos manter tão acelerados? Utilize a regra 70/30 entre acelerado e contemplativo. Cada um pode impor um tempo para ficar em estado de velocidade e outro para parar e ver que não será o dono do mundo.

Assim começa a compreensão de que podemos ser mais conscientes do que fazemos!

Precisamos resolver os problemas com a velocidade, e isso significa levar em conta o conceito de agilidade, que diz que tem de ser no tempo necessário para que algo chegue lá. Não dá para fazer um bolo com menos de 40 minutos de forno, nada fará ele assar mais velozmente, então ágil é fazê-lo neste tempo. Não dá para ser mais veloz.

Por que será que você acha que deve tomar qualquer decisão já, imediatamente, para ser veloz? Às vezes você precisa esperar o tempo de “forno” para ser realmente ágil, ao invés de apressado, com as coisas que precisam ser resolvidas.

Se trata de buscar o tempo certo para cada decisão, para cada aprendizado, para poder responder cada desafio. E veja, não quero dizer com isto que é um exercício fácil. Você vem no embalo e sai fazendo, decidindo, avançando sem freio, porque esta forma retira um pouco da sua percepção de ansiedade e assim parece que resolve – ufa – com mais velocidade as situações. Além disso, dá a sensação que será visto melhor como pessoa ou como profissional, não é mesmo?

Não. É hora de chegar lá percebendo o tempo que cada situação precisa ter para ser respondida e manter uma velocidade constante, sem parar, até resolvê-la. Afinal quanto tempo o tempo tem? Para o bolo, 40 minutos; para você decidir algo com grande impacto, talvez um dia; para mudar algo que te incomoda emocionalmente, uns 100 dias; para conversar sobre as situações mais profundamente, pode ser já!

É preciso olhar para o tempo identificando como vai lidar com ele para entender o que será veloz, ágil de fato, e assim se sentir melhor com seu ritmo.

Considere o tempo como seu aliado, pare durante a jornada, seus 30% para contemplar, olhar para as pequenas coisas como presentes, para suas decisões que deram certo e para as que deram errado. Cultive o hábito saudável de desacelerar para poder depois lidar com os outros 70% acelerados que vai precisar para viver no futuro.

Leia as mensagens com calma, um minuto para pensar, vai fazer você responder mais assertivamente 99% das vezes. Pare para ouvir atentamente e fique em silêncio um minuto, sua comunicação vai melhorar efetivamente e você poderá ser mais empático. Escreva em um minuto o que pretende fazer e releia, vai melhorar suas decisões de forma efetiva simplesmente porque investiu um minuto a mais.

Entenda também que você vai errar, não é preciso acertar todas. Você toma decisão com o que está a sua frente agora, mas amanhã pode chegar uma informação nova que muda tudo, volte atrás e leve um minuto a mais explicando o que mudou para as pessoas a seu redor. Você será, melhor compreendido. Acredite!

Se você realizou estes exercícios de “um minuto” e as coisas deram errado, saiba que faz parte da vida, uma sucessão de erros leva ao acerto e esse exercício pode ser um prazer. Olhe para uma criança que começou a andar, por exemplo, ela cai e se levanta diversas vezes, e para cada coisa que faz a primeira vez que erra, ela continua, erra novamente, para então acertar. É um jogo divertido para as crianças e deve ser para nós também, numa vida de constante descobertas e aprendizados.

O futuro será veloz, mas pode ser igualmente leve. Tudo depende do nosso aprendizado ao longo do caminho!

 

 

  • Celso Braga - Sócio-diretor do Grupo Bridge, empresa especializada em desenvolvimento humano há mais de 25 anos. Celso também é Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela FEBRAP. Acumula experiência de mais de 25 anos em desenvolvimento humano e projetos de conexões educacionais e inovação. É autor de mais de 10 livros, entre eles ‘A Jornada Ôntica’ (2013), ‘O Hólon da Liderança’ (2015), ‘Inovação: diálogos sobre a prática’ (2016), ‘Inovação: diálogos sobre colaboração produtiva’ (2017), A Magia dos Sentimentos: 27 emoções para transformar sua vida       e em 2019 lançou os livros em versão digital; Lifelong Learning - Aprender para a Vida e Empowerment, uma liderança que inspira. Celso Braga é coautor do livro ‘Educação para Excelência’ (2010). 

 

 

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