A humanidade já passou por muitas eras no caminho de sua evolução. Tivemos muitos mitos representando nossos sonhos. Atualmente presenciamos o desencantamento do mito da “razão científica”, com seus deuses e avatares ruindo por terra. Suas promessas de saúde e felicidade não se cumpriram. A ciência e a tecnologia cada vez mais aprimoram seus métodos para nos manter escravos do consumismo. Nunca estivemos tão distantes do sonho de Berthold Brecht, quando ele disse: “Sustento que a única finalidade da Ciência está em diminuir a miséria da existência humana”.
   
Se por um lado existem milhares de opções em riqueza e conforto, existe também um mal estar generalizado. As pessoas parecem buscar ansiosamente por algo que não se vende nos shoppings, não sai em revistas de publicidade e talvez nem tenha um nome ainda. Esta “coisa” não é encontrada nas pratelerias dos supermercados, não foi descoberta pelos cientistas, não foi processada pelos laboratórios farmacêuticos e não está disponível para o consumo, seja no varejo, seja no atacado.

Que produto é esse que o capitalismo ainda não conseguiu enlatar?

O mesmo fenômeno se manifesta também nos meios universitários. Embora as pessoas continuem buscando certezas e garantias nos diplomas e cursos oficiais, existem pesquisas que apontam para um fato insólito: no fundo, muitos já sabem que o que procuram não será encontrado em títulos, MBAs, doutorados ou especializações. Não, isso não está também nas pratelerias das bibliotecas. Estudantes universitários torcem o nariz: estão saturados de informações e... infelizes. Mal saem da Universidade e se deparam com um mundo enlouquecido pela competição. Em pouco tempo estão estressados. Deprimidos. Alguns até enfartados.

Não é estranho que todos procurem por algo que não sabem sequer o que é? Há uma ou duas gerações atrás,  tudo se resumia numa questão de doenças físicas ou mentais. Médicos ou psicólogos davam conta. Ás vezes era preciso chamar o padre ou a benzedeira. Hoje não. Vivemos uma espécie de mal estar metafísico. Doença da alma. Falta um sentido para a vida. Diante disso a ciência emudece.  A medicina se cala. A psicologia estanca.

Como uma resposta a esta vida sem significado ressurgiu, há alguns anos, uma antiga visão de mundo holística, sistêmica, integrada, e que tenta reunir aquilo que esta ciência desumana e mecanicista separou. Na psicologia surgem novos métodos, resgatando os anseios espirituais como fonte de saúde e equilíbrio psico-emocional do ser humano. Na física multiplicam-se descobertas que lançam uma outra luz sobre a consciência e sua função de organizadora da realidade. Estamos iniciando uma era de convergência planetária, onde a antiga e milenar sabedoria oriental se associa à visão racionalista ocidental, produzindo novas e modernas conexões.  

Como tudo isso chega até o cidadão comum, aquele que se nutre do que a mídia oferece? Essa nova visão de mundo, que já era conhecida e natural aos nossos antepassados, chega até nós como se fossem novidades. Primeiramente foram as terapias chamadas “alternativas”. Enquanto o saber oficial torcia o nariz, as pessoas buscavam cada vez mais essa medicina natural, energética, preventiva. Juntos, surgiram os “naturebas”,  exaltando a alimentação vegetariana e uma vida mais simples e saudável. Aos poucos foram pintando aqui e ali as comunidades auto-sustentáveis, pregando uma consciência ecológica e a revolução do pensamento holístico. Ensinavam, com a sua poesia visionária, que estamos todos interconectados com tudo e o que uma flor arrancada aqui vai provocar ressonâncias no Japão.

O movimento “transpessoal” faz parte desse contexto de renovação planetária. Iniciado nos Estados Unidos na década de 60,  ganhou as universidades e centros de pesquisa, representando um núcleo de convergência das tradições orientais (yoga, budismo, sufismo, cabala, etc.) com as mais modernas teorias da ciência contemporânea (física quântica, morfogenética, psico-neuro-imunologia, etc.) que estudam a consciência. Depois de tanto tempo confinada aos estreitos limites de uma visão comportamentalista, a psicologia volta sua atenção a métodos de expansão da consciência, à exploração do potencial da mente, ao desenvolvimento dos anseios espirituais humanos. A esta força emergente foi dado o nome de Transpessoal.

Seu método ensina como integrar corpo, mente e emoções numa dimensão maior e mais abrangente, que é a espiritualidade. Quando não existe essa integração, nossa consciência se polariza numa dessas funções, e então nos tornamos ou muito ligados às sensações físicas, ou muito emocionais ou excessivamente mentais. Isto revela um desequilíbrio e compromete nosso desempenho global.

O tempo exige menos elucubrações mentais e mais experiências internas, mais autoconhecimento, mais técnicas transformadoras. Pessoas que passaram por uma experiência de expansão da consciência relatam uma profunda mudança interior, onde ocorrem mudanças de valores, paz interior e aumento na capacidade de amar. A vida se transforma com a emergência do sagrado em todas as coisas.

Esta é a grande mudança de paradigma de nosso tempo. Este é o tempo da consciência. Surge uma nova ética, uma ética ecocêntrica, que vem de oikós – morada do ser. Não é mais o ego que está no centro, não mais o ego-centrismo, mas sim, o eco-centrismo – lugar onde o Ser faz sua morada.

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