Introdução

No capítulo anterior, mostramos as diferentes vias de alterações nas qualidades da natureza.

Mais que isto, abordamos os elementos ou divisões inerentes a tais qualidades, denominados sub-doshas e seus detalhes profundos.

Neste capítulo atual, pela primeira vez, necessariamente, vamos abordar o Diagnóstico e seus meandros.

Desenvolvimento

Como realizar um diagnóstico

O diagnóstico é o primeiro passo fundamental para o reconhecimento ou determinação de uma possível doença. Ele é o instrumento básico, por meio do qual, qualquer tratamento ou encaminhamento deverá ser realizado. Para isto, há uma série de técnicas e preceitos que devem ser seguidos, na busca de uma doença.

Na Medicina ocidental, quando da realização de um diagnóstico, a ideia básica é que o/a paciente, já tenha uma queixa, um sintoma ou então, uma doença em diferentes estágios.

Na Ciência Ayurvédica, o objetivo do diagnóstico, é analisar os sintomas que o/a paciente relata, com os sintomas que o especialista detecta e buscar determinar uma doença específica ou outro problema que não havia sido detectado pelo/a paciente. E a partir dai, oferecer os possíveis tratamentos adequados para cada caso. Há diversas formas de ser feito um diagnóstico, porém, optamos por uma das formas mais diretas possíveis e que é realizada em três etapas.

Um diagnóstico pode ser estruturado em três etapas

A) Compreender as causas fundamentais de uma doença, ou Vikriti:

- Na Ciência Ayurvédica, em geral as causas de uma doença podem ser psicossomáticas ou Deha Manasa. Ou seja, o psíquico afeta o corpo que por sua fez, se reflete no psíquico. A partir deste princípio, qualquer tratamento proposto tem que abordar o todo e não somente uma parte. Neste sentido, é necessário que se faça uma análise sobre o equilíbrio da pessoa e o equilíbrio de todos os seus elementos constituintes e os sintomas que são relatados ou detectados.

- Nesta etapa, há todo um cuidado para não se criar uma visão parcial do problema e sim, uma visão personalizada que possa detectar com firmeza, a natureza elementar da doença em si. Há todo um respeito profundo pela natureza das pessoas, que são vistas como seres únicos e diferenciados e que por isto, devem ser examinados e tratados sob este mesmo viés personalizado.

- E após compreendida as causas fundamentais de uma doença ou Vikriti, dai, buscar oferecer soluções ou tratamentos que restaurem o psíquico e o corpo da pessoa, em seu reequilíbrio harmonioso.

- Indo mais além, para se compreender as causas de uma doença, é fundamental, observar detalhes críticos psíquicos e do corpo de uma pessoa. Por exemplo, um bom começo, é a observação dos olhos, do nariz, dos ouvidos, da língua e da estrutura da pele. As apalpações dos órgãos internos e dos pontos vitais - ou pontos de Marmas - também são muito importantes. Se for necessário, analisar também a saliva, o suor, a urina e as fezes do/a paciente.

- Os sintomas ou problemas detectados por meio do diagnóstico e os sintomas detectados por meio da queixa do/a paciente, são então cuidadosamente avaliados a partir do conhecimento ayurvédico sobre Sintomatologia e sobre doenças específicas. Essa fase de avaliação e registro pormenorizado dos sintomas e problemas, fazem parte do Método de Análise e Classificação das Doenças, descrito no capítulo XIX e são necessários para os chamados diagnósticos diferenciais, onde uma possível doença específica pode ser detectada e curada.

B) Fazer uma profunda Anamnese ou analisar a forma de vida da pessoa:

- Após todos os procedimentos acima e, mesmo outros mais que se façam necessários, o especialista irá fazer perguntas específicas à pessoa, que irão ajudar a formar um quadro mais objetivo do estado de saúde da mesma.

- Tais perguntas de Anamnese, podem ser organizadas das mais diferentes formas possíveis, por exemplo, questionando a vida do/a paciente, dentro de etapas de cada sete anos até a idade atual, sob os mais diferentes aspectos e possibilidades. Além disto, questionando suavemente, sobre características da infância, da juventude, da adolescência, da idade adulta e maturidade. Sobre como foi a criação, características familiares e pessoais, meios de convívio familiar, parentes, amigos e social. Sobre relacionamentos. Sobre a possível existência de vícios ou de algum quadro hereditário - ou não - de possível doença ou doenças. Sobre possíveis ocorrência de algum tipo de ocorrência de distúrbios psíquicos ou traumas, acidentes, choques, perdas dolorosas. Sobre hábitos e costumes alimentares.  

- Todavia, tais perguntas têm de ser feitas de forma muito suave e cautelosa para não suscitar possíveis melindres, mostrando que realmente, são todas voltadas para a busca de uma solução equilibrada sob o ponto de vista da cura e da saúde. Esta fase da Anamnese, deve ser flexível e ponderada.

C) Construir uma constituição estrutural, ou Prakriti:

- Numa adequada construção de um bom diagnóstico, mesmo após as duas etapas necessárias anteriores, ainda é importante e possível, se avançar mais um pouco no mesmo.

- Após reunir e organizar todas as informações clínicas acima, pode-se ainda realizar-se mais outras avaliações de sentido prático, antes da conclusão do diagnóstico.

- Por exemplo, se uma análise das respostas do/a paciente ao questionário de anamnese, indica algum tipo de inflamação, por conseguinte, uma análise dos olhos, da língua, do pulso ou da urina, também deve indicar uma inflamação. Todavia, pode ocorrer de parte das análises indicarem uma inflamação, mas a análise da urina não indicar isto.

- Em casos desta natureza, o adequado, é se fazer uma nova reavaliação mais meticulosa e detalhada para se obter um diagnóstico preciso.

- Existe uma situação orgânica e eletro biológica, denominada desequilíbrios transitórios, que embora envolvam, por exemplo, distúrbios eletro hormonais, na realidade não são aspectos de algum tipo de doença, mas sim fenômenos que podem ocorrer periodicamente no organismo de uma pessoa. E se um/a especialista não conhecer este fato, pode dar um diagnóstico equivocado.

- Em vista de todos estes fatos e possíveis situações relatadas nos itens anteriores, a propriedade de um/a especialista em Ciência Ayurvédica reunir e organizar as informações coletadas e fazer as perguntas certas ou adequadas ao/a paciente, e por fim, interpretar corretamente todos os dados e informações coligidas de maneira sistemática, é um dos pontos fundamentais na construção de um bom diagnóstico.

- Pois é esta construção correta e adequada do diagnóstico final, que irá propiciar com segurança, os métodos e tratamentos corretos para a cura.

Outras perspectivas sobre o diagnóstico e seus resultados

Pré conclusão


- O especialista, precisa ter uma sólida formação em patologias gerais e sintomatologias, para ser competente e capaz de concluir um diagnóstico correto e rápido em situações de emergência. Também é ideal que tenha um sentido aguçado e uma percepção bem desenvolvida na sua área. Pois isto lhe dará uma capacidade mais profunda quando avaliar as condições gerais e individuais de uma pessoa.

- Tais capacidades cognitivas - ou mesmo profissionais - tanto podem ser próprias de um especialista, quanto podem ter sido adquiridas ao longo do tempo e das suas experiências de campo. Alguns dos textos clássicos e cânones sobre Medicina Ayurvédica, abordam diretamente esta questão de maneira direta e objetiva. todavia, é evidente que para se atingir um grau elevado de experiência, é necessário não só o estudo constante e dedicado sobre esta matéria, quanto também o desenvolvimento da própria experiência.


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