Baseado na edição de número 358 – março 2016 – da revista Superinteressante, relato neste editorial a minha relativa surpresa com algumas condições da medicina e dos médicos aqui no Brasil e no Mundo, apontadas por várias pesquisas conforme reveladas na reportagem dessa conceituada revista da Editora Abril.

Nos atendimentos hospitalares existem tantos procedimentos, devida a própria estrutura do sistema de saúde, que 30 % dos gastos desses procedimentos são desnecessários e 20% das cirurgias também.

Por outro lado, um estudo da American Foundation for Suicide Prevention, em 2008, mostra que o índice de suicídios entre médicos e médicas é 70% maior que na população em geral. O stress, a responsabilidade em lidar com tragédias humanas e o alto número de horas trabalhadas colaboram para esse alto índice; fator pior se considerados apenas entre os médicos, esse número eleva-se para 400%.

O risco em ficar internado em um hospital vem pelas infecções causadas pelos próprios procedimentos, como por exemplo com a introdução de sondas uretrais e cateteres venosos centrais. Nos Estados Unidos, estimam-se que 648 mil pessoas desenvolvam infecções hospitalares e, desses, 70 mil acabam morrendo.

Agora pasmem, as pesquisas mostraram também que médicos pouco lavam suas mãos. No Brasil chegam a ser 50% deles, e principalmente no período noturno. Esse é um alto fator de infecções hospitalares.

Numa das pesquisas feitas nos Estados Unidos, em respostas de próprio punho em um questionário para 1891 médicos, eles admitiram esconder dos pacientes erros médicos por medo de serem processados. Aqui no Brasil esse tema também é considerado e alarmante, desbancando a confiança paciente-médico.

Em 2015, o New England Journal of Medicine – uma das principais publicações médicas do mundo – publicou um artigo elogiando o SUS, principalmente por ele ser totalmente de graça ao paciente. Já aqui no Brasil sabemos que há muitas críticas, por falta de médicos, equipamentos, leitos e outros fatores, porém o que perdura é a corrupção e má gestão. Recentemente pudemos ver em reportagem na TV Globo milhares de remédios vencidos armazenados em um grande depósito do governo carioca sem serem distribuídos na rede hospitalar do Estado do Rio de Janeiro.

O SUS foi inspirado no sistema de saúde do Reino Unido, porém o deles arrecada quase o triplo do nosso, o que demonstra nitidamente que precisamos de mais verbas do governo para sustentar o SUS.

Um dos fatores que também desequilibra o orçamento do SUS é que nem todas as doenças precisam ser tratadas; quanto mais cedo é descoberto um tumor, mais chances de cura se tem, mas alegam, por exemplo, que cânceres de pâncreas não deveriam ser tratados, pois 75% dos casos vão a óbito já no primeiro ano do diagnóstico, dizem que tratar do paciente nesses casos só piora a qualidade de vida dele, ou até o faz morrer mais cedo.

Já no câncer de mama, a mamografia preventiva proporciona um diagnóstico quando positivo mais rápido e eficiente para tratamentos, porém, ocorre também que, na mesma proporção, mulheres passam por tratamentos desnecessários com tumores inofensivos.

Outra pesquisa mostra que ser operado na sexta-feira ou no sábado e domingo é mais arriscado que nos outros dias da semana devido ao cansaço da equipe médica e ao menor número de profissionais disponíveis no hospital.

Marketing – No mundo são gastos pelos consumidores aproximadamente U$ 1 trilhão em medicamentos (a pesquisa/revista não cita se é por mês ou por ano), parte desse dinheiro vem da venda de remédios caros, justificados pelos laboratórios que as pesquisas feitas consomem muito dinheiro e tempo; vários remédios fracassam durante os testes, são ineficazes e nem chegam a ser comercializados. Por outro lado, a maioria dos laboratórios promovem seus medicamentos com um marketing agressivo junto aos médicos, gastando até 80% de suas verbas no marketing e não nas pesquisas. Hoje, segundo a revista americana Forbes, o setor farmacêutico é um dos setores mais lucrativos do mundo, chegando a margens em média de 21% de lucro.

Propinas – Como alguns leitores já viram em reportagem na televisão, também existem propinas para médicos que oferecem próteses x ou y que seus fabricantes lhes pagam uma comissão para cada paciente que implantar o de sua marca, e nem sempre é a melhor indicada para aquele paciente, ou a de melhor marca, isso sem falar quando há fraudes envolvendo os exames que são feitos em clínicas especializadas e que também comissionam os médicos.

A conclusão dada pela matéria publicada na revista Superinteressante aponta que vários médicos consultados pela reportagem foram unânimes, dizendo que nosso sistema de saúde precisa de mudanças, desde a faculdade de medicina até a troca de lógica voltada a procedimentos pela ênfase na prevenção. Deve-se deixar de focar na doença e passar a focar a saúde!

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