Parte: XXXIX



Introdução

No capítulo anterior, retomando algumas matérias passadas, abordamos o tema “alimentação saudável”. Discorremos sobre suas inúmeras possibilidades, as ciladas da alimentação industrializada e, como fazer uma transição moderada para novas formas de alimentação. Mais ainda, demos uma série de dicas fáceis e simples para quem se dispuser a se tornar vegetariano ou mesmo vegano e algumas etapas que podem ser seguidas.

Neste capítulo atual, vamos girar cento e oitenta graus e abordar alguns temas que deveriam ser atuais mas que ficam um tanto quanto distante da sociedade. O que causa na mesma, um grande vazio existencial.


A busca da visão interior

Quando analisamos profundamente alguns textos clássicos do Hatha Yóga, como o Gheranda Samhita - Coleção de Gheranda - e o Hatha Yóga Pradipika - A pequena Luz do Yóga - podemos observá-los sobre um outro prisma que, ampliará nossos horizontes e expandira os limites das nossas consciências.

Até o presente, o princípio da Lógica e da Razão, embora às vezes, difícil de ser assimilado, tem apresentado falhas e até mesmo ambiguidades. Haja vista que, se o ser humano raciocinar com clareza, há inúmeras razões para que chegue à seguinte conclusão:

a) Na realidade, por uma lei quântica de simetria e sincronicidade, há somente uma única e absoluta existência, pontilhada de infinitos fenômenos de criação, que em infinitas formas, transmigram e re-transmigram e que podem ser chamadas de formas de vidas nos seus mais diferentes e profundos aspectos. Todavia, todas permeadas por uma única Origem de Criação, seja qual for o nome que deem à mesma.

b) O restante, é somente o resultado da atuação de cada “ser” em suas mais distintas formas e de acordo com o seu nível ou estágio de consciência.
Ainda de acordo com os ensinamentos contidos nos textos clássicos do Hatha Yóga, esta é uma conclusão esclarecedora para a humanidade. Embora tal conclusão, atualmente seja bastante difícil de ser compreendida ou mesmo aceita.

Uma grande série de falsos conceitos foi imputada - em especial - aos seres humanos como sendo verdadeira, sempre buscando distorcer sua correta percepção e seu correto entendimento, inclusive até sobre sua existência e suas finalidades. Este é um dos fatores para os quais a humanidade deveria estar atenta, inclusive na busca verdadeira da realização das suas reais necessidades existenciais.


A existência, a sabedoria e a consciência

Pois senão, como se explica que, o que é perfeito e infinito sob a forma de Existência, Sabedoria e Consciência Absoluta, venha a ser dominado por ilusões?

E independente dos ensinamentos contidos nos textos clássicos do Hatha Yóga, tal questionamento vem surgindo em muitas partes do mundo, seja na forma de buscas pessoais, seja na forma de busca por autoconhecimento mais profundo, seja na forma de uma outra visão do que se denominou chamar de “ciência”, ainda que a ciência atual esteja se tornando lentamente um “cientificismo”.

Porém, de uma forma mais simples, a questão existencial poderia ser formulada da seguinte maneira:
Como o mundo atual, chegou a tal estado de imperfeição? Logo, se falamos de Ilusão, estamos no fundo, questionando, como o ser perfeito se tornou imperfeito?

Em outras palavras, se perfeição é aquilo que está para além do tempo, espaço e da própria causa, estamos questionando: Como ocorreu de, o que está para além da causa, tornar-se causado?

Nos textos clássicos do Hatha Yóga e em outros, no fundo, se analisarmos à luz da consciência - e não da “razão” ou mesmo da “lógica” - estamos nos contradizendo claramente. Pois, a princípio, admitimos que “o ser essencial” está além da causalidade, o que é correto. Mesmo assim, ainda podemos indagar...o que causa a imperfeição do ser?

Tal questionamento, só pode ser admitido dentro dos limites da causalidade e, só até o limite em que tempo-causa-espaço se estendem. Mas, para além disto, seria tolice tal formulação.


O tempo, o espaço e a causalidade

Por outro lado, dentro do tempo-espaço-causa, tal questão jamais poderá ser respondida adequadamente, pois sua resposta está para além desses limites. Portanto, só poderá ser respondida quando transcendermos tal situação. Quando atingirmos o estado de Iluminação - Samadhi - ou de Consciência plena e pura.

Assim sendo, o mais prudente - a princípio - seria deixar tal questionamento em paz e partirmos para as práticas diretamente!

Exemplificando; quando um ser fica doente, tratamos de nos dedicar à sua cura, sem insistirmos em primeiro saber, como lhe ocorreu tal situação. Embora isto deveria também ser parte crucial da cura. Passada essa fase e, voltando o doente à sua normalidade, ou seja ao estado de saúde, saber o que provocou seus males - a princípio - aparentemente, torna-se desnecessário.


Pode a realidade produzir a ilusão?

Ainda do ponto de vista meramente intelectual, há uma outra resposta ao citado questionamento; Pode a realidade produzir a ilusão?

Ao que responderíamos: Certamente que não!

Pois o que produz uma ilusão é, sempre outra ilusão!

Num exemplo figurado, é a doença que produz doença, em suas mais diferentes formas. E jamais a saúde! A onda da água é a própria água. O efeito é a causa, em uma de suas inúmeras formas. E, se o efeito é uma ilusão, certamente que a causa também será uma ilusão!

Finalmente, resta-nos então, uma única pergunta a fazer: não representaria uma controvérsia da Criação, o fato de termos duas perspectivas de existência dentro do universo?

Uma, representada pelo “Eu real”, verdadeiro; a outra, pelo “Não eu” ou o ego, fruto de pura Ilusão.

Mais uma vez, a resposta contida nos textos clássicos do Hatha Yóga e, que uma ilusão não pode ser considerada uma existência ou uma realidade. Que não passa de um conjunto de estereótipos temporários, tentando se instalar no ser arbitrariamente.

As dúvidas, as ilusões e os devaneios, irrompem constantemente nas pessoas fracas, mas não podem ser consideradas como parte essencial ou fundamental das mesmas. A irrealidade vai e vem, mas não deve e nem pode permanecer, por mais que dure. Considerar como Real uma Ilusão, seria como um sofisma improdutivo.


Conclusão

Como conclusão final, o que podemos deduzir claramente ou, afirmar sem medo de incorrer em erro, é que o nosso verdadeiro “Eu ou Atman” é parte da existência infinita e indivisível do universo. Que - se tivermos consciência - somos livres e harmoniosos dentro da nossa real essência, da nossa verdadeira e única concepção inicial. E essa é a conclusão última à qual os textos clássicos do Hatha Yóga nos conduzem.

Portanto, busquemos - sempre - nossa realização em nosso interior - “Iluminação ou Samadhi “ - e aí encontraremos a nossa real felicidade!

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