Psicóloga explica o que deve ser considerado na hora de fazer essa escolha

Seu bebê nasceu, você e ele viveram um período de grande envolvimento, mas a licença-maternidade acabou. É preciso retornar ao trabalho? Como conciliar o papel de mãe e o de profissional?

A psicóloga Cynthia Boscovich, que desenvolve um trabalho com grávidas, mães e bebês, esclarece que essa tarefa nada tem de simples para muitas mães, pois nem sempre estão preparadas para o retorno ao trabalho: “Vejo muitas delas em situação de angústia e conflito interno muito grande, porque de um lado se encontra a carreira profissional e tudo o que a mulher conquistou até aquele momento, sem contar a questão financeira, pois hoje muitas são até arrimo de família. De outro, encontra-se a maternidade e tudo o que ela representa, incluindo os cuidados com o bebê, que ainda necessita muito da mãe, além do prazer que ela sente quando está com ele”.

E acrescenta: “As mulheres de hoje somam muitas funções e se exigem dar conta de todas elas. Por isso vemos muitas mães com culpa ou em dívidas com suas tarefas. Às vezes sentem que não fazem tudo como gostariam de fazer, e isso pode ser também uma das causas da depressão, principalmente se já estiverem sobrecarregadas”.

Algumas preferem parar de trabalhar por algum tempo. No entanto, ressalta a psicóloga, é preciso ter cuidado nesse momento: “As mães precisam saber que se optarem por parar de trabalhar a fim de se dedicarem aos cuidados com os filhos, a escolha deve ser dela e para ela em primeiro lugar. Esperar que o marido ou os filhos reconheçam esse esforço, mesmo no futuro, pode ser a causa de grandes frustrações. O que os filhos esperam é encontrar mães felizes e realizadas – e isso deverá ser levado em conta se fizerem a escolha de deixar de trabalhar ou retornar ao trabalho.”

A psicóloga aponta ainda que as mães devem, desde a gestação, pelo menos planejar o que esperam fazer com o bebê quando retornarem ao trabalho. Contudo, nem sempre os planos condizem com a realidade, pois pode ser que o bebê demande mais cuidados do que ela esperava ou tenha dificuldades em aceitar novos alimentos, ou problemas com a pessoa que se encarregaria de cuidar dele, e assim por diante.

Outro ponto importante, caso a mãe opte por retornar ao trabalho, é onde deixá-lo ou com quem deixá-lo.

Cynthia nos diz que o bebê necessita de rotina e previsibilidade no dia-a-dia. Isso quer dizer que um dia deve ser igual ao outro para que ele saiba o que esperar, pois isso lhe dá segurança, elemento muito importante também para sua saúde psíquica. Por esse motivo, quem deve prestar os cuidados ao bebê deve ser sempre a mesma pessoa. “E se não puder ser a mãe, que seja alguém que ao menos tenha consciência da importância desse fator”, complementa ela.

Escolher deixar o bebê em casa ou mandá-lo para o berçário ou a creche, é sempre motivo de dúvidas para as mães. “O problema dos berçários é que nem sempre quem cuida da criança é a mesma pessoa, ponto que considero desfavorável para o desenvolvimento emocional do bebê. Além disso, há a possibilidade de contágio de algumas doenças pelo contato com outras crianças, pois o sistema imunológico dele ainda não se desenvolveu por completo. Esses ambientes necessitam ser muito arejados e, de preferência, com poucas crianças – e nem sempre isso é possível. Mas essa pode ser uma ótima opção para as mães que não se sentem seguras em deixar os filhos com babás ou não têm uma pessoa de confiança para tomar conta deles. Não se trata de uma escolha fácil. ”

Cynthia salienta que buscar orientação nesses momentos ou até participar de grupos de discussão sobre o assunto pode ajudar bastante. “Nem sempre o que as mães esperam para os filhos acontece na realidade. Nesse sentido, o que elas precisam é estar seguras e amparadas em suas escolhas. Preparar o ambiente é fundamental para isso. Entretanto, entrar em contato com as próprias questões, medos e angústias que fazem parte desse momento de escolha e separação do bebê, pode contribuir muito para a segurança e equilíbrio emocional das mães, dos bebês e da família também.

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